segunda-feira, 13 de julho de 2015

Praia do Forte: Tão organizada que faz você se sentir em outro país.

A Praia do Forte fica localizada no município de Mata de São João, no estado da Bahia, Brasil, a cerca de 50 km da capital, Salvador. É um local pequeno, mas muito organizado. Parece uma pequena vila de casas bem pintadas e organizadas. Nela há um longo calçadão cortando a vila até a chegada da praça principal, onde fica localizada a igreja do padroeiro São Francisco de Assis e a sede do Projeto Tamar. Ao longo desse percurso você pode encontrar vários bares, lojas e pousadas. Aliás, praticamente todo local que você olha em Praia do Forte tem pousada, das mais simples as mais completas e caras.

A praia, que vai muito além da praia em si, é bastante acolhedora e turística. Apesar de ser muito turística, os preços até que não são muito altos, cheguei a me surpreender positivamente com os preços de vários produtos e serviços, principalmente se comparado a lugares como Porto de Galinhas, Pernambuco ou a cidade do Rio de Janeiro.
Na Praia do Forte há muitas atividades a se fazer, principalmente ligadas a natureza, como tirolesa, mergulho, visita a reserva de Sapiranga, trilha, caiaque e muitos outros. Há vários agenciadores que te apresentam e te levam para esses passeios.

Além de ser um local lindo, tem uma história muito interessante, que me deixou encantada. Quando eu conheci Praia do Forte eu sentia que aquela organização toda só podia ser fruto de uma pessoa ou um grupo de pessoas que lutaram para que aquele local fosse da forma que é, de outra forma seria mais uma praia bonita, mas não tão organizada e cara como tantas outras pelo nosso país. Foi aí que buscando a fundo conheci a história do Klaus Peters. 

De acordo com a Exame do ano 1999, em 1970 o descendente de alemães Klaus Peters junto com um amigo arremataram 30 mil hectares de mata, coqueiros, rios e praias. A área incluía também uma vila de pescadores e um edifício em ruínas, datado de 1551: o Castelo Garcia D Ávila, origem do nome "Praia do Forte".

Abaixo você pode ver alguns recortes dessa entrevista - de 1999 - com Klaus Peters:

"Nos anos seguintes à aquisição da Praia do Forte, Peters foi moldando sua vida em função do projeto de transformá-la em uma atração turística internacional.  A partir de 1980 tornou-se o único dono da área. Depois, inaugurou a primeira pousada da localidade. Em 1984, começou a operar o hotel. O passo seguinte foi mudar-se definitivamente para lá. O que moveu Peters a dar essa virada? "Vim atrás de qualidade de vida", diz. "Aqui eu a encontrei em toda plenitude." 

Formado em administração e contabilidade, Peters diz ter nos genes um certo espírito aventureiro. Seu pai, o alemão Wilhelm Peters, migrou de Hamburgo para Manaus no auge do ciclo da borracha e enriqueceu. "Meu pai ficou tão rico que construiu um palácio para morar", afirma. Esse palácio, o Rio Negro, chegou a sediar o governo amazonense e hoje é um centro cultural. 

O gosto pela pesca, vela e tudo que se relaciona à água também gerou a ligação de Peters com São Sebastião, no litoral norte paulista, que ele passou a freqüentar aos 12 anos de idade. Por ter assistido de perto ao que aconteceu naquela região, Peters colocou entre suas prioridades impedir a degradação dos 12 quilômetros de praia baiana que adquiriu: "Pensei em preservar essa beleza e fazer daqui uma destinação turística tropical das melhores do mundo". Percebendo que não bastaria apenas sua voz de dono para assegurar que não houvesse derrubada desenfreada de árvores, extinção de animais ou poluição da praia, buscou contar com a colaboração da comunidade de 1 800 moradores da vila de pescadores. Uma de suas providências foi tranqüilizar os habitantes quanto à permanência no lugar. Doou a área da vila à municipalidade, com a condição de que fossem feitos contratos de comodato com os moradores. Isso significa que eles podem usufruir da propriedade e repassá-la somente a seus descendentes. Na prática, não podem mudar a arquitetura de suas casas nem vendê-las a forasteiros. "Garantimos que a vila continuasse autêntica e charmosa", diz Peters. 

A Praia do Forte está hoje sujeita a uma lei de ocupação do solo que também protege sua vegetação original. Quem precisar derrubar uma árvore obriga-se a plantar quatro. Também não são permitidas construções acima de 12 metros de altura - o nível médio alcançado pelas copas dos coqueiros. "É simples e eficiente", afirma Peters. "As casas no meio do coqueiral mantêm a vista da paisagem e ao mesmo tempo ficam escondidas de quem olha a distância". 

Projetos de educação, saúde, cidadania, treinamento de mão-de-obra e preparação para o turismo têm envolvido a comunidade. Um dos esteios desse trabalho é a Fundação Garcia D Ávila, criada por Peters em 1979 e presidida por ele. A Fundação já deu o apoio logístico para a decolagem do Projeto Tamar, de proteção às tartarugas marinhas, iniciado há 18 anos na Praia do Forte e transformado em outra das atrações locais. As tartarugas e seus ovos (são necessários 1 000 ovos para que nasça um quelônio) faziam parte do cardápio dos pescadores. Eles passaram a entender que uma tartaruga vale mais viva - para o turismo, que hoje responde por 80% das ocupações na vila. Há também reservas de Mata Atlântica, pássaros, animais silvestres, manguezais, dunas e lagoas. Numa dessas reservas, a de Sapiranga, o projeto Guias Mirins busca formar a consciência ecológica da nova geração de nativos da Praia do Forte. "

Essa entrevista já tem mais de 15 anos, mas a Praia do Forte continua "autêntica e charmosa" e vale bastante a visita.


Fotos
As fotos somente da vila não são de autoria própria e tem os créditos no final do post,
 as demais são de autoria nossa. Fotos por Natália Feitosa.


Fonte:
exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/683/noticias/a-sombra-do-coqueiral-m0053046

Fonte das Imagens:
matadesaojoao.ba.gov.br
lesbleusario.fr
praiadoforte.org.br

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